quinta-feira, 20 de junho de 2013

Exposição de Fotografia “Mateus: (Re)cantos e encantos – parte VI

Roteiro Histórico em torno da Exposição - Parte VI
Título: Busto do Mons. Jerónimo do Amaral (21)
Local: Lugar do Assento da Igreja
O busto, em bronze, da autoria do escultor Manuel Negrão, homenageia o Monsenhor Jerónimo Amaral, um ilustre mateusense com ligação à Casa de Urros, onde nasceu em 04.11.1859 e onde faleceu em 08.02.1944. Formado em Direito Civil e Canónico  pela Universidade de Coimbra, abraçou depois a carreira eclesiástica, tendo-se ordenado padre em 1892. Foi um grande benemérito da cidade de Vila Real.  Em 1938 o Governo atribui-lhe a comenda da Ordem da Instrução Pública.  Foi Vigário Geral da Diocese de Vila Real e fundador e director do Colégio de Nossa Senhora do Rosário, em Vila Real. Existe, na fachada da igreja, uma lápide em mármore, em sua homenagem. Curioso é o facto de esta escultura, de carácter “civil” ser palco de um culto religioso e daí  a existência de ex-votos junto à escultura. Tal prática é também realizada em outros locais, como a escultura que celebra o desastre da Ponte das Barcas, no Porto, e a estátua do Pe. Américo, no Porto. Está sepultado na capela mortuária do família Amaral, no cemitério de Mateus.

Título: Igreja matriz – fachada (22)
Local: Lugar do Assento da Igreja
A igreja actual é uma construção do início do séc. XVIII, com acrescentos do séc. XX, a nível da fachada. Substitui a antiga igreja medieval, da qual nada se sabe e não ficaram marcas, devendo ser um construção pequena e pouco robusta. O elemento mais antigo que se conhece da igreja de Mateus é de 1711; trata-se de uma pia de água benta colocada no exterior junto à escada que dá acesso, pelo exterior, ao coro.
 Em 1714 o mestre pedreiro Pedro Domingues, de Valença do Minho executou a obra da capela-mor e sacristia da igreja de Mateus pela quantia de 260 000 réis.
Em 23.04.1715 foi feito um contrato de obrigação e arrematação da obra de carpintaria da igreja de Mateus, entre o Reverendo António de Carvalho, vigário de Mateus e o mestre Gregório de Mesquita. Seguia-se a forma da Igreja de S. Francisco de Vila Real.
Em 30.04.1732 o reverendo Luís Botelho Mourão, cónego da Sé de Braga e irmão de D. António José Botelho Mourão mandou fazer, na igreja de Mateus,  o retábulo da capela mor, da autoria do “escultor” João António da Silva, de Vila Nova de Famalicão. De acordo com a Profª Natália Ferreira Alves  A igreja de São Martinho de Mateus possui alguns dos melhores retábulos de talha barroca da zona de Vila Real, destacando-se pelo primor de execução o retábulo da capela-mor”. Existe um total de 20 caixotões, na falsa abóbada de berço abatida, decorados com motivos vegetalistas, florões e cartelas centrais com símbolos da Paixão  e instrumentos de martírio de santos. A nível de cores dominam os ocres, os verdes e vermelhos esbatidos.
Existe uma inscrição no anjo tocheiro do lado do Evangelho, do seguinte teor: Esta / obra / mandou / fazer o Reverendo / conigi Luis / Botelho Mo / urão cendo / fabriqueiro dasse / de Braga / anno / 1737.

 
Título: Igreja de Mateus – Torre sineira e salão paroquial (23)
Local: Lugar do Assento da Igreja
Embora não seja conhecida a data da construção da torre sineira, pela similitude das formas, cremos poder datá-la do final do séc. XVIII, e, com relativa reserva, atribuir a sua construção ao mestre pedreiro João Lourenço da Costa, residente em Mateus que, em 1782, construiu a torre de S. João de Arroios. Na torre foi aplicado, na década de 60 de Novecentos, o relógio e o para raios, factos que testemunhámos pessoalmente. O salão paroquial tem servindo, ao longo dos tempos, entre outras missões, para o ensino catequético.  Em tempos recuados anteriores à construção da Escola Primária de Abambres e sendo, portanto, o único salão da freguesia  aí se realizaram reuniões da Junta de Paróquia ou actos eleitorais.
  
Título: Igreja de Mateus e residência paroquial (24)
Local: Lugar do Assento da Igreja
A residência paroquial foi pasto das chamas no ano de 1795 tendo ardido numerosa documentação da paróquia de Mateus, nomeadamente os livros paroquiais. A casa actual, que muitos de nós ainda conhecemos com outra configuração, anterior às obras realizadas na década de 60, foi reconstruída logo após o citado incêndio, em 1797.

Título: Portão do cemitério (25)
Local: Lugar do Assento da Igreja
Ostenta no portão de entrada, em ferro forjado, de belo efeito artístico, a data de 1888. Esta corresponde à data em que foi acabado o cemitério pois, desde 1885, aí eram sepultadas pessoas. Em 1883, talvez por a igreja estar saturada, começa a sepultar-se, por norma, no adro da igreja. Data de 20.09.1885 o primeiro sepultamento no cemitério de um recém-nascido, de meia hora, filho de Luís António Martins, do lugar da Raia. Curiosamente dois dias depois era aí sepultada a mãe da criança Maria José Santiago, natural de Constantim e que faleceu com complicações do dito parto.
 
Título: Igreja de Santo António (26)
Local: Lugar da Carreira Longa
A sua construção foi iniciada em 1990 sendo a igreja de Santo António inaugurada em 1993. O projecto é do arquitecto Vítor Alves e a encomenda feita pelo padre franciscano Diamantino Maciel Rodrigues, actual pároco, previa um projecto ousado para a construção de uma igreja dos novos tempos.  A nova paróquia criada abrange uma vasta área residencial de urbanizações recentes pertencente a várias freguesias. Junto à igreja funciona o Centro Social e Paroquial de Santo António, inaugurado em 1998. Junto à igreja registe-se a existência de uma escultura em bronze a Santo António, da autoria do escultor Jaime Santos.

Título: Portal de velha capela – um enigma por desvendar. (27)
Local: Lugar do Assento da Igreja – Rua Dr. Fernando Miranda
Este portal, de provável construção setecentista, pelos elementos artísticos (cruz e ameias) terá pertencido a um edifício religioso. Provavelmente pertencia a uma capela da freguesia de Mateus que terá sido derrubada e aqui reconstruído, para uma função nem religiosa, nem habitacional. Tudo nos leva a crer que tenha pertencido a uma capela referida nas Memórias Paroquiais de 1758, nos seguintes termos: “no lugar de Mateus tem [ermida] de S. Bento que é de José Álvares de Barros”. Este caso é um pouco estranho já que os apelidos dos Álvares de Barros estão associados à Casa do Paço e aqui é referido, expressamente, que a capela é no lugar de Mateus. É também conhecido por “Casa da Bomba” numa provável alusão a uma bomba manual de incêndios que aqui estaria depositada. Ainda o conhecemos como barraco de arrumações tendo mais tarde sido recuperado pelos Escuteiros de Mateus.

Título: Capela de Santo Isidro em dia de festa (28)
Local – Rua da Capela - Abambres
A existência de uma capela dedicada a Santo Isidro (ou Santo Isidoro) remonta aos finais da Idade Média. Documentos de Quatrocentos já fazem referência à ermida de Santo Isidro, ou Santo Sidro, que provavelmente é de Santo Isidoro (de Sevilha) já que Santo Isidro foi canonizado no séc. XV. De resto a actual capela, construída em 1753, tem na fachada uma imagem de Santo Isidoro. Ouvi-mos de pessoas antigas, nomeadamente do Sr. Luís Barrias, encarregado da Casa de Urros e elemento da Junta de Freguesia de Mateus a referência de uma comissão encarregada de substituir uma imagem já velha, do altar da capela, que (muito provavelmente) era de Santo Isidoro. Por indicação do santeiro, ou por desculpa da comissão, na volta trouxeram a imagem de Santo Isidro que era um santo que tinha mais as ver com as pessoas da terra, a maior parte parceiros, ou tendeiros, ou ligados às actividades agrícolas. Das investigações feitas concluímos que o culto de Santo Isidro, em Portugal, é um culto que não terá mais de 100 anos. Provavelmente os membros da dita Comissão não quereriam em Abambres,  que é uma terra de lavradores, um santo tão intelectual, um Doutor da Igreja, como era Santo Isidoro. Conhecemos, em Vila Nova de Gaia, pelo menos um caso de uma capela onde existe esta duplicidade com os mesmos santos.
Quanto à realização da festa em honra de Santo Isidro, segundo elementos recolhidos, cremos que é feita, precisamente, há sete décadas.
Das décadas de 60 e 70 recordamos a feira de gado em que participámos, com direito a prémio para os melhores exemplares e a aposição de uma lembrança (uma cana com bandeirinha, colocado nos chifres dos bovinos). Depois do anúncio do prémio, publicitado pela voz do altifalante, do “pick up” ou do “piqué” como o povo dizia, os animais eram levados a agradecer ao santo, indo em fila até à capela que era circundada por estes, conduzidos pelos seus donos. Enquanto isto estralejavam os foguetes no ar, lançados, quantas vezes pelo Sr. António Rolindo.

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